GÊNERO LITERÁRIO
Neemias é o último dos livros históricos do Antigo Testamento e registra a história do terceiro retorno dos judeus após o cativeiro. O livro destaca o período da reconstrução dos muros da cidade de Jerusalém, mas, principalmente, a renovação da fé do povo de Deus. A maior parte do livro foi escrita em primeira pessoa, sugerindo, portanto, que o próprio Neemias é o autor, ainda que os estudiosos concordem que Esdras, o escriba, teria sido o editor do texto. A data aproximada para a composição do livro é 445 a 432 a. C, tendo como pano de fundo o reinado de Zorobabel, que liderou o primeiro retorno do povo a Jerusalém em 538 a. C. Em 458, Esdras liderou o segundo retorno, e finalmente, em 445, Neemias retornou com o terceiro grupo para reconstruir os muros de Jerusalém. O texto-chave do livro é Ne. 5.15,16: “Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco de elul, em cinquenta e dois dias. E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios que havia em roda de nós e abateram-se muito em seus próprios olhos; porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra”. As principais personagens do livro de Neemias são: o próprio Neemias, Esdras, Sambalate e Tobias. Esse livro enfoca o cumprimento das profecias de Zacarias e Daniel a respeito da reconstrução dos muros da cidade de Jerusalém. O livro apresenta a seguinte divisão geral: 1) Reconstrução dos muros de Jerusalém, dirigida por Neemias (1.1 – 7.73); 2) Avivamento em Jerusalém liderado por Esdras (8.1 – 10.39); e 3) Neemias promove a Reforma da Nação (9.38 – 13.1-31).
Assim como nos livros de 1 e 2 Crônicas, estreitamente relacionados, nota-se como se destacam em Esdras e Neemias várias listas, que parecem ter sido obtidas de fontes oficiais. Estão incluídas listas:
- dos artigos do Templo (Ed 1.9-11);
- dos exilados que voltaram (Ed 2 e Ne 7.6-73);
- dos chefes dos clãs (Ed 8.1-14);
- dos que entraram em casamentos mistos (Ed 7.1-5);
- dos que ajudaram a construir os muros (Ne 3);
- dos que selaram a aliança (Ne 10.1-27);
- dos sacerdotes e levitas (Ne 12.1-26).
Há em Esdras, sete documentos ou cartas oficiais:
- o decreto de Ciro (1.2-4);
- a acusação de Reum contra os judeus (4.11-16);
- a resposta de Artaxerxes (4.17-22);
- o relatório de Tatenai (5.1-17);
- o memorando com o decreto de Ciro (6.2-5);
- a resposta de Dario a Tatenai (5.7-17);
- a autorização que Artaxerxes I deu a Esdras (7.12-26).
Muitos desses documentos foram escritos em aramaico, a língua da diplomacia internacional da época, e não contrariam os documentos seculares do período persa.
É possível perceber a importância da palavra escrita, pois como foi exposto o decreto escrito de Ciro foi o instrumento humano que gerou a ação de Esdras e Neemias, outros documentos escritos também desempenharam papel importante em relação a ações secundárias, cartas fizeram parar e recomeçar o trabalho no templo (Ed 4.23; 6.6-7).